Os laços afetivos maternos podem assumir tonalidades diversas, ora sendo agridoce, sagrado ou conturbado, de lar para lar. A seguir, separamos algumas obras literárias que abordam essa relação mãe-filha em sua forma mais crua e real
Temos desmiuçado com cada vez mais liberdade e coragem as relações entre mães e filhas, entendendo que nem sempre elas são sentidas e vivenciadas como sagradas ou saudáveis. Há muitos tipos de pessoas, e portanto não seria diferente que as relações entre elas assumissem tonalidades diversas a depender de cada lar.
A maternidade pode ser doída e difícil de atravessar, tanto para quem pariu, quanto para quem veio ao mundo por meio dela, e é revirando esse tema de uma ponta a outra que conseguimos vislumbrar a complexidade que é esse primeiro laço que formamos na vida.
Pensando nisso, a seguir separamos 4 livros que abordam essa temática, cada um a sua maneira.
1. Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei

Em seu segundo livro, finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura 2022, Aline Bei nos conduz à história de Júlia, filha de pais separados, que cresceu em meio a um lar turbulento. A moça cresce e se encontra na vida, aos tropeços, e atravessada pela falta de afeto, ao mesmo tempo que tenta lidar com a relação que construiu com a mãe. Através de uma escrita para lá de poética, nos debruçamos sobre profundas reflexões acerca das relações que construímos e como elas nos moldam também.
2. Fique Comigo, de Ayòbámi Adébáyò

Na Nigéria dos anos 1980, Yejide se vê pressionada a gerar filhos. É essa a expectativa de sua própria cultura, é o que espera seu marido, é o que tanto anseia sua sogra. Ela tem dificuldades de engravidar, e é quando uma nova esposa surge em seu lar agora polígamo, ameaçando sua relação com seu marido e seu posto como única mulher, que ela atinge o limite e fará de tudo para conseguir o que tanto quer. Ayòbámi nos apresenta um retrato sobre laços familiares, luto e as fragilidades do amor, usando como pano de fundo as tensões políticas que estavam acontecendo à época no país.
3. O Impulso, de Ashley Audrain

A maternidade escrita como nunca contam. Em O impulso, Ashley Audray narra a história de três gerações de mulheres feridas para tecer e explicar os motivos de agirem como agiram ao longo da vida. Trata-se de um retrato de uma mulher cansada, com muitas expectativas sobre a criação de sua primeira filha, e os milhares de desafios que enfrenta e que a deixam à beira da insanidade. Um suspense bem construído, mas que pode ser pesado e conter vários gatilhos (importante checar!).
4. Uma Duas, de Eliane Brum

Intercalando os pontos de vista de mãe e filha, Uma Duas é uma trama psicológica sobre a relação conturbada de uma mulher e sua filha já adulta. Nesse romance de estreia, Eliane Brum aborda uma maternidade crua, por vezes cruel e as tantas consequências dela na vida de ambas. Trata-se de uma leitura visceral, indicada para leitores mais maduros, que tece as durezas da vida e como elas atingiram e se interligam na vida dessas duas mulheres.